Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura (Pontes, 2000, 7ª Ed.) da PhD em Lingüística Ângela Kleiman, traz um conjunto de idéias acerca da compreensão textual, mostrando a leitura como um processo interativo, em que o leitor utiliza os diferentes níveis de conhecimento para que ocorra essa interação, além de considerar importante a leitura com objetivo e a formulação de hipóteses.
No primeiro capítulo da obra, a autora apresenta os níveis de conhecimento necessários a uma compreensão plausível, a partir de exemplos em que é exigido pelo menos um dos conhecimentos para que ocorra a compreensão. E esse é um diferencial, o conceito a partir do exemplo, mostrando que o leitor deverá ativar outro nível de conhecimento, quando não for capaz de compreender somente com um nível de informação. Além disso, Kleiman cita que esses níveis de conhecimento compõem o chamado conhecimento prévio e bate intencionalmente, na necessidade de trabalhá-los no processo de busca do sentido textual.
Nesse contexto, a autora cita o conhecimento lingüístico, que envolve todo o conhecimento da língua, desde a pronúncia, até o conhecimento do vocabulário e das regras gramaticais; o conhecimento de mundo que nada mais é que o acúmulo de experiências na vida social, adquirido informalmente e o conhecimento textual que se obtêm a partir do contato com todo gênero, reconhecendo as estruturas textuais. Assim, Kleiman enfatiza a importância deste último na prática docente, para assegurar uma compreensão considerável.
Sob o mesmo ponto de vista, a autora então, desperta uma reflexão sobre o trabalho docente na reconstrução do significado mediante o uso de conhecimentos partilhados entre leitor e autor. Nesse sentido, Kleiman leva o leitor a considerar essencial a ativação do conhecimento prévio para a construção do significado global de um texto.
No segundo capítulo, a autora mostra que além da ativação dos conhecimentos prévios na busca da coerência textual, é necessário que o professor estabeleça um objetivo para aquela leitura. Kleiman enfatiza, demonstrando resultados experimentais de que quando se lê tendo um objetivo específico, a compreensão flui, tornando a recuperação das informações imediata.
Ainda nesse capítulo, é enfatizada a importância da formulação de hipóteses, como mais uma estratégia metacognitiva, na qual o leitor deverá posteriormente confrontar, para validá-las ou não, exercendo, assim um controle consciente sobre o próprio processo de compreensão.
Embora esta obra traga concepções tão discutidas e citadas por diferentes autores, tem o mérito de estruturar claramente as estratégias metacognitivas utilizadas durante o processo de leitura, além de convencer professores, principalmente os de português a utilizarem esse método na sua prática pedagógica a fim de garantir o desenvolvimento da compreensão.
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